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Madureira tem congestionamento de candidatos a prefeito

Por Agência O Globo

28/08/2016 3h52 — em
Brasil



RIO — Ícone do subúrbio carioca, famosa pelo samba e pelo comércio popular, mas também pela violência e pela desordem urbana, Madureira, bairro da Zona Norte, foi destino dos oito principais candidatos à prefeitura do Rio, em busca de votos, nos três primeiros dias de campanha.

Para o presidente da Associação Comercial do Mercadão de Madureira, Pedro Silva, os políticos são atraídos pela multidão que circula por ali diariamente, vinda inclusive de outros bairros. Segundo ele, só pelo Mercadão passam em média 40 mil pessoas por dia, mesmo com a crise econômica.

— Político em campanha gosta de gente — afirmou Horácio Afonso, presidente da Associação Comercial de Madureira, que arriscou o mesmo palpite de Silva para a atração dos candidatos pelo bairro.

Caminhadas pelo Mercadão ou pelo calçadão de Madureira foram as atividades feitas pelos oito candidatos. Dois deles marcaram o ponto de encontro em frente à quadra da escola de samba Império Serrano, que, assim como a Portela, foi saudada em alguns discursos.

Os candidatos do PMDB, deputado federal Pedro Paulo, e do PSDB, deputado estadual Carlos Osório, foram a Madureira na abertura da campanha oficial, dia 16. No dia seguinte, estiveram no bairro os candidatos do PRB, senador Marcelo Crivella; do PSC, deputado estadual Flávio Bolsonaro; do PSOL, deputado estadual Marcelo Freixo; do PSD, deputado federal Indio da Costa; e da Rede, deputado federal Alessandro Molon. Dia 18 foi a vez da candidata do PCdoB, deputada federal Jandira Feghali.

Apesar dos investimentos recebidos nos últimos anos, como o Parque Madureira e o corredor exclusivo para ônibus articulados (BRT) TransCarioca, moradores e frequentadores do bairro mostram-se céticos.

— Eles só aparecem na campanha. Eu voto nulo — disse Sérgio Côrtes, atendente de uma pastelaria no Mercadão.

Quanto ao BRT, Côrtes disse que há poucos ônibus e, por isso, eles demoram e, quando passam, estão muito cheios. O balconista também reclamou dos roubos frequentes nas ruas do bairro, da grande quantidade de população de rua e da falta de lixeiras.

O combate à violência, atribuição do governo do estado, é apontado como a principal lacuna do poder público. Moradores convivem com tiroteios entre traficantes das comunidades do Cajueiro, Serrinha e São José.

Os comerciantes, por sua vez, reclamam dos camelôs que ocupam as calçadas, da falta de fiscalização e cobram a presença da guarda municipal. Eles se queixam da concorrência desleal dos ambulantes e da falta de ordenamento na ocupação do espaço público.

— Antes tínhamos os nossos camelôs, pessoas que são crias do bairro. Hoje está vindo gente do Rio todo, porque não tem fiscalização. É inviável andar na rua — disse Pedro Silva.

Em meio às queixas, o Parque Madureira, inaugurado em 2012, é festejado como opção de lazer tanto por moradores do bairro, carente de áreas verdes, quanto de outras partes da cidade e de municípios vizinhos, principalmente da Baixada Fluminense. O parque foi feito em um antigo terreno da Light, que era ocupado por 900 famílias da Favela Vila das Torres.

Em busca de votos, teve candidato em Madureira se apresentando como “filho da Zona Norte”; chamando o bairro de “coração da cidade”; dizendo que sua escola de samba é o Império Serrano, mas deixando claro que a de seu padrinho político é a Portela; e até lembrando da infância supostamente passada nas cercanias, com direito a soltar pipa e comprar laranja lima no Mercadão, por causa de uma avó que morava no Morro da Serrinha.

Crivella prometeu incentivos para o carnaval, estacionamento subterrâneo para o comércio e apoio aos camelôs.

Já Freixo acenou com a criação de pontos de cultura para transformar a região em um polo de preservação da memória e promoção da cultura popular carioca.

Pedro Paulo afirmou que, se eleito, fará um novo BRT, a TranSuburbana, corredor de ônibus expresso que atenderá à Zona Norte.

Bolsonaro disse que é preciso fazer um reordenamento urbano para a coexistência do comércio com os camelôs. E prometeu colocar a Guarda Municipal para auxiliar na segurança pública.

Indio também defendeu que a Guarda Municipal complemente a atuação da Polícia militar, e disse que, se eleito, vai trabalhar em cima do microcrédito. O candidato do PSD voltou a Madureira anteontem.

Osório prometeu atenção especial às áreas de Saúde e Educação. E Molon se comprometeu a melhorar as emergências nos hospitais.

Jandira, por sua vez, afirmou que pretende regularizar o comércio ambulante, investir em mobilidade urbana e adequar as calçadas para idosos e pessoas com deficiência.

Nada disso parece comover alguns eleitores:

— Eu trabalho aqui há 20 anos e eles só aparecem em período de eleição. Depois some todo mundo. Entram no gabinete e não atendem mais ninguém. Aqui tem tiroteio, tem roubo aqui na frente. É só promessa, mais nada. É só falácia — disse Leandro Mousinho, enquanto lanchava no Mercadão, na última quarta-feira.


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