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Lewandowski mostra paciência e bom humor para administrar embates de senadores

Por Agência O Globo

25/08/2016 20h26 — em
Brasil



BRASÍLIA — Há quase 12 horas no comando da primeira sessão de julgamento do impeachment, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, mostrou paciência e bom humor para desarmar os confrontos verbais entre os senadores pró e contra a cassação da presidente afastada Dilma Rousseff. Sem alterar a voz e com ar professoral, colocou ordem nos bate bocas e mostrou disposição de seguir a arguição para concluir hoje os depoimentos das testemunhas de acusação até a madrugada.

Sem conseguir concluir sua inquirição, por causa do burburinho, o senador Reguffe (sem partido-DF) pediu que o presidente da Mesa pedisse silêncio.

— Devo dizer que os senhores senadores estão muito bem comportados em suas funções. Peço aos assessores que colaborem para que o senador Reguffe tenha garantida sua palavra — pediu Lewandowski.

Ainda durante a fala de Reguffe, a senadora Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) —incomodada com as considerações feitas pelo senador sobre a importância do respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal e do procurador Júlio Marcelo sobre transgressões à lei por Dilma —, pegou o microfone para protestar e iniciou um bate boca com o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).

— Temos que nos ater à discussão do objeto da acusação. O informante está dizendo que a presidente cometeu estelionato eleitoral — protestou Vanessa, pedindo pela ordem.

— Quero repudiar por inteiro a fala da senadora Vanessa, que insiste em exercer o papel de censor. Vossa Excelência me preside, não a senadora Vanessa. Precisa acabar com essa prática. Eu protesto contra essa fala desqualificada — rebateu Ferraço.

Ainda de pé, Vanessa tentou continuar o bate boca, mas Lewandowski barrou:

— Senadora Vanessa, vamos fazer um debate estéril, data vênia. Vamos retornar à objetividade, com a palavra o senador Reguffe.

Reguffe terminou sua fala e Vanessa continuou de pé e tentou retomar a discussão, sem sucesso.

— Mas o senador Ferraço acabou de falar que minha fala é desqualificada. O senhor não acha que ele foi agressivo? — tentou Vanessa.

— Não! Vossa Excelência tem uma postura impecável — afagou o ministro, conseguindo acalmar Vanessa.

Em seguida, ele disse que se preocupava com a demora na inquirição e que, pelos cálculos, a sessão iria até as 2h da manhã, pois mais 26 senadores estão inscritos para perguntar à próxima testemunha, o auditor da Receita Federal no TCU, Antônio Carlos Dávila. Ele reiterou que o acordado era concluir hoje o depoimento das duas testemunhas de acusação. Nesse momento, o líder da Minoria, Lindbergh Faria (PT-RJ), tentou adiar a oitiva da próxima testemunha para amanhã.

— A presidência está disposta a encerrar hoje a arguição da acusação. Então peço a vossas excelências que calibrem suas intervenções — anunciou Lewandowski.

— Pelos meus cálculos, vamos até 3h30m ou 4h da madrugada. Amanhã, temos que retomar às 9h. Precisamos de um tempo mínimo para descansar, do contrário, amanhã nosso trabalho será contraproducente — apelou Lindbergh.

Mas Lewandowski negou o adiamento e brincou:

— Vossa Excelência tinha me sido designado como um jovem atleta, que tinha disposição de entrar pela madrugada. Vejo que há controvérsias quanto a isso —disse Lewandowski, levando o plenário a um momento de descontração.

Ele só reclamou do discurso do senador Paulo Rocha (PT-PA), que acusou líderes da base de estar atuando politicamente, o que ensejou réplica de vários senadores para rebater o petista.

— Os debates já desandaram e não vou permitir que desandem mais ainda — irritou-se Lewandowski, anunciando que só iria encerrar a sessão depois de concluída a inquirição de todas as testemunhas de acusação.


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