Inquérito de escândalo sexual com menores termina com cinco indiciados
Prestes a concluir as investigações sobre o escândalo sexual que envolve políticos da Capital, o titular da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), Paulo Sérgio Lauretto, revelou durante coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (23) que pedirá o indiciamento de todos os envolvidos no caso.
Lauretto revelou que o ex-vereador Robson Martins, Fabiano Viana Otero e o empresário Luciano Pageu, proprietário da revista Altar, presos na última quinta-feira (16), serão indiciados pelos crimes de extorsão, favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável e por corromper ou facilitar a corrupção de menores, cujas penas variam de um a 10 anos de prisão.
Já Alceu Bueno e Sérgio Assis serão indiciados pelo crime de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável, por terem praticado ‘conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos’, com pena de 4 a 10 anos de reclusão.
O delegado revelou que ao todo o inquérito tem dez trechos de filmagens, com mais de duas horas de filmagem. Material que no instituto de criminalística. Apesar de ainda não ter o laudo final, Lauretto revela que já é possível identificar Alceu e Sergio no vídeo. “Fizemos uma análise visual e foi perfeitamente reconhecido”, frisou.
Exploração
Durante a coletiva, o delegado explicou que as investigações começaram depois que uma das meninas envolvidas no caso, fugiu de casa, no município de Coxim, região norte do Estado, a polícia passou a apurar uma suposta prática de exploração sexual.
A menor que saiu de Coxim foi encontrada em Campo Grande por Fabiano Viana Otero, e outra menor com quem ele mantinha relacionamento.
Para a polícia, Fabiano teria orquestrado um plano de extorsão envolvendo as duas meninas. Lauretto revelou também que dois dias antes da prisão de Robson e Luciano, advogados do vereador Alceu Bueno ficaram sabendo que o parlamentar estava envolvido no suposto caso de exploração sexual de menores e procuraram a Depca para terem acesso ao inquérito.
Foi nesse momento que Alceu decidiu procurar a polícia para registrar boletim por extorsão contra Luciano e Robson, a quem ele alega já ter pago R$ 100 mil.
Como os dois presos até agora negam ter recebido este valor do parlamentar, a polícia vai pedir a quebra do sigilo bancário de todos os envolvidos, para saber onde foi parar o dinheiro.
Peça-chave
Durante as investigações surgiram especulações de que outros políticos estariam envolvidos no caso, o que, segundo a polícia, não se confirmou. Lauretto afirmou que Fabiano, que está foragido é uma ‘peça-chave’ para o inquérito, uma vez que até agora os depoimentos de Luciano Pageu e Robson Martins são bastante diferentes.
Foi Fabiano quem teria armado o esquema de extorsão. As meninas foram para os encontros com os políticos com um chaveiro no qual estava instalado uma microcâmera, que registrou os momentos ‘íntimos’ entre os políticos e as adolescentes.
Em um momento do vídeo, uma das meninas, contou o delegado, falou a um dos homens com quem estava sua idade, 15 anos. Para a polícia, isto pode significar que ela tinha sido orientada a fazer isso, já com fins de extorquir os políticos.
A polícia confirmou que Sérgio Assis apesar de aparecer nas filmagens não foi procurado por Fabiano com vistas à extorsão.
Uma das adolescentes teria recebido um recado de um dos envolvidos, de que com o vazamento da história ele ‘teria deixado de ganhar R$ 1 milhão’, valor que teria sido pedido a Bueno.
Prisão
Por enquanto o delegado descartou pedir a prisão de Alceu Bueno e Sérgio Assis, porque ele acredita não haver requisitos suficientes para isso. Lauretto voltou a declarar que pretende concluir o inquérito até amanhã, sexta-feira (24), e que para isso ainda espera a conclusão dos laudos dos vídeos e de alguns celulares apreendidos durante as investigações.
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