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Em depoimento à Justiça, Dilma nega interferência de Lula em seu governo

Por Agência O Globo

22/06/2017 17h06 — em
Brasil



BRASÍLIA - A ex-presidente Dilma Rousseff negou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha tido interferência em decisões de seu governo. Ela depõe em processo em tramitação na 10ª Vara Federal de Brasília no qual Lula é réu na Operação Zelotes. O ex-presidente é acusado de ter atuado para garantir a compra de caças suecos e na prorrogação de incentivos para a indústria automobilística na gestão Dilma. Nos dois casos, houve a atuação de um escritório de lobby que fez pagamentos a um filho de Lula. Dilma está em Porto Alegre e o depoimento ocorre por videoconferência. Ela presta depoimento como testemunha indicada pelo Ministério Público Federal.

— O presidente Lula jamais interferiu em nenhuma atitude do meu governo, ele tinha esse respeito — respondeu Dilma, refutando qualquer conversa com Lula sobre a prorrogação dos incentivos para as montadoras.

Ela negou que Lula tenha feito qualquer intermediação de reuniões suas com representantes suecos.

— O presidente Lula jamais intermediou esse tipo de situação comigo. Nem quando eu era chefe da Casa Civil ele interferia em decisão que era da minha área — disse Dilma.

Dilma afirma que a escolha levou em conta o custo da compra, os gastos que existiriam com manutenção e a transferência de tecnologia do processo. A concorrência ocorreu entre Suécia, Estados Unidos e França. No caso dos norte-americanos o problema maior seria a transferência de tecnologia, enquanto que em relação aos franceses o custo de manutenção era alto. O projeto sueco, por sua vez, traria a possibilidade de desenvolvimento conjunto de todo o projeto.

— O que leva a decisão a desembocar no grupo é esse fato, de que não iríamos só ser parceiro, mas participar do desenvolvimento do projeto — afirmou Dilma.

No caso da prorrogação do incentivo para a indústria automobilística, ela destacou que isso foi incluído na MP 627, de 2013, relatada por Eduardo Cunha (PMDB), ex-presidente da Câmara que está preso na Lava-Jato. Ela afirma que foram incluídas diversas emendas nessa MP que ela vetou por terem impacto direto na arrecadação. Essa emenda, porém, tratava da prorrogação até 2020 de um incentivo que já ia até 2015. Ela afirmou que optou por sancionar essa parte para reduzir o desgaste que os demais vetos lhe trariam.

— Estávamos propensos a não autorizar, mas era a única neutra. Essa era a emenda que menos impacto produzia, então a gente resolveu não mexer em algo que estava em andamento — disse Dilma.

A ex-presidente afirmou ainda que a MP 627 foi a precursora das "pautas-bombas" que buscavam desestabilizar seu governo. Ela destacou que a MP era para aumentar impostos e o Congresso incluiu várias medidas para reduzir arrecadação. A presidente aproveitou ainda para questionar que seu governo tenha descuidado da situação fiscal. Ela afirma que Cunha e o atual líder do governo Michel Temer No Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), atuaram no Congresso para desestabilizar o governo nessa área.

— Ao contrário do que chamaram de pedaladas fiscais, o governo não fazia pedaladas fiscais, ele tentava recuperar a sua situação fiscal, o que era impedido pelo ex-presidente da Câmara e pelo atual líder do governo no Senado — afirmou Dilma.


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