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Análise: Crise a jato e de consequências imprevisíveis

Por Agência O Globo

31/05/2016 4h26 — em
Brasil



A queda de dois ministros em uma semana, num governo com míseros 19 dias de vida, é provavelmente um recorde. Mas, para além de curiosidades estatísticas, levanta sérias dúvidas sobre a capacidade de resiliência de Michel Temer e torna imprevisível o desfecho da crise política.

Como se sabe, Temer fez uma opção clara ao montar seu governo interino: escalou um time político, de reputação duvidosa, com o propósito de ter o controle do Congresso que Dilma Rousseff perdeu. Além da urgência em aprovar uma pauta econômica controversa, precisa, afinal, confirmar o impeachment de Dilma para seguir no poder.

Em outras palavras, o presidente interino voltou-se para o Legislativo e virou as costas para as ruas, cuja pauta principal desde 2013 é a ética. Para um governo que começa em crise e impopular, parece uma aposta alta demais.

A demissão do ministro da Transparência, Fabiano Silveira, dá margem ainda à versão de que o objetivo da troca de comando seria domar a Lava-Jato. Algo que soa razoável quando o homem responsável por cuidar do combate à corrupção no governo é apanhado dando orientações ao presidente do Senado, Renan Calheiros, de como se livrar de seus incontáveis inquéritos no STF.

A verdade, como quase sempre, é provavelmente algo no meio do caminho. Há, de certo, quem tenha visto em Temer apenas a chance de se livrar das investigações. Mas é bom lembrar que o PT exigiu — e conseguiu — até a troca do ministro da Justiça por considerar que Dilma perdera o controle da PF a ponto de ameaçar Lula de prisão.

O fato é que as gravações de Sérgio Machado já fizeram um estrago no governo recém-nascido. Mais alguns áudios, e Temer poderá pedir música. E a Lava-Jato está mais forte do que nunca. Seu controle é impossível. Suas consequências, imprevisíveis.


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ASSUNTOS: #micheltemer, impeachment, Brasil

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