Um dia de canibalismo político no Amazonas
Conhecido por sua intelectualidade, o ex- governador Álvaro Maia recebeu, nos idos de 1961, integrantes do Teatro Brasileiro dos Estudantes, de Paschoal Carlos Magno, que acabavam de se apresentar no Teatro Amazonas, para um jantar na sede do Rio Negro. A rádio Riomar transmitia direto o regabofe, mas o locutor enfeitou demais o “maracá” e acabou relatando uma cena de canibalismo:
"Estamos transmitindo direto do Parque Aquático do Rio Negro, onde o governador Álvaro Maia está oferecendo um lauto jantar para os integrantes do Teatro Brasileiro dos Estudantes e para autoridades aqui presentes. O jantar começou a ser servido há dez minutos e já comeram o governador, o arcebispo metropolitano, o presidente da Assembleia Legislativa e o prefeito municipal. Ainda vão comer a primeira dama, o comandante da Polícia Militar, o comandante do 27° BC e outros convidados".
O FIM DA ILUSÃO DO ELDORADO
O prefeito Artur Neto e sua equipe estão buscando uma vertente sócio econômica diferente para enfrentar a crise. Ontem uma Festa Junina inusitada movimentou as ruas do Centro Histórico com um “casamento na roça” no chão da selva de pedra. Pode não parecer, mas a propaganda junina da Galeria dos Remédios remodela o comportamento social de uma cidade que ainda vive a ilusão do Eldorado da Zona Franca. A propaganda nas televisões cede espaço para o apelo direto e criativo dos sem dinheiro.
O EXEMPLO DE ALECRIM
A perpetuação em cargos no poder é a mãe dos vícios e desvios de conduta no serviço público. Os cargos são públicos, e não pessoais, assim devem entender aqueles que são eleitos para governar ou que são chamados para coadjuvá-los. Raros são os que nestes tempos modernos não se deixam dominar pela vaidade de se “entronar”. O secretário Wilson Alecrim é sabidamente um homem honrado, porém o longo tempo no poder cegou-lhe a sensibilidade ao mandamento primeiro do cargo: servir aos cidadãos, especialmente os que buscam atendimento para seus problemas de saúde. Pediu para sair e deu um bom exemplo. Falta outros secretários fazer o mesmo...
CELAS PARA DILMA E LULA
O patriarca da família Odebrecht, empresário Emilio Odebrecht, responsável pela construção da maior empreiteira da América Latina, começou a “destampar” o caldeirão da Operação Lava Jato. Antes da prisão do filho Marcelo, atual presidente da empresa, na sexta-feira, chegou a afirmar para amigos: “Terão de construir mais 3 celas: para mim, Lula e Dilma”. O velho Odebrecht que disputou com a Mendes Junior as benesses das obras no regime militar é profundo conhecedor dos meandros do poder. Por isso tem plena convicção que Lula e Dilma vão “mandar prender grandes empresários” para desviar tenção sobre eles, que são os verdadeiros comandantes do esquema.
DE OLHO NAS CONTAS
A promotora Elis Helena de Souza Nobile, que comanda a da 60ª Promotoria de Justiça, está de olho nas contas da Assembleia Legislativa do Estado sob a gestão do deputado Belarmino Lins (PMDB) e quer investigar a prestação de contas do exercício de 2006, as quais teriam irregularidades apontadas pelo TCE. Belão e o diretor geral da Aleam dizem que não sabem de nada.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.