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Sobre a mãe que invadiu escola para bater no filho gay


Por Raimundo de Holanda

12/09/2019 18h54 — em
Bastidores da Política



Não entendi porque a ‘live’ exibida nesta quinta-feira pelo Portal do Holanda não mostrou os rostos das crianças que deram um exemplo de dignidade e humanidade ao defenderem, em ato público, um colega de classe humilhado e espancado pela mãe por ser homossexual. Foi o bullying, inverso, saindo de casa para a escola e os quase adolescentes no papel  de denunciantes de um ato violento, ocorrido em sala de aula, onde a invasora e agressora foi a própria mãe.

Sou o diretor do Portal e não costumo interferir nas reportagens. Como qualquer leitor, acompanho as ‘lives’, anoto os erros e acertos para discuti-los com a redação. Mas vou exercer aqui o papel do  ombudsman neste caso triste, por mostrar a complexidade de uma relação entre   mãe e filho,  mas que serviu de exemplo  pela coragem e discernimento das crianças que se manifestaram, além, é claro, da interpretação equivocada, pelo portal,  de leis que protegem a identidade de crianças e adolescentes.

A pergunta que fiz à diretora de redação foi: Por que não mostrar   o  rosto  dos manifestantes? O Portal entendeu que eles faziam algo incorreto ? ‘Eram crianças…’

Mas nada impedia de aparecerem. Pelo contrário. O exemplo que elas deram é de uma rara percepção de que o mundo mudou.  E o mais importante: que a violência tem que ser combatida. Quando crianças tomam essa iniciativa algumas portas e janelas se abrem. Revela  uma sociedade que se transforma a cada dia, reagindo  à intolerância, à violência e ao preconceito. E mais que isso: o futuro que essas crianças  representam será, sem dúvida alguma,  de um mundo muito melhor do que o que vivemos hoje.

VEJA A LIVE E A REPORTAGEM SOBRE O CASO

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ASSUNTOS: Bolsonaro, hmofobia, homossecual, mae-invade-escola-e-bate=em=filho=gay

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.