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Saiba porque repórteres foram hostilizados no caso Lula e os equívocos das notas da Fenaj, ANJ e ABERT


Por Raimundo de Holanda

08/04/2018 15h21 — em
Bastidores da Política



As agressões a jornalistas ocorridas no sábado, durante a prisão do ex-presidente Lula, são consequência da revolta social que se espalhou espantosamente pelo Brasil. A nota  da Federação Nacional dos Jornalistas  toca num ponto sensível, ao afirmar  que “toda essa violência injustificável e covarde é  decorrente da intolerância” (…), mas erra ao querer restringir essa hostilidade a atividade de repórteres,  ou a quem, segundo a nota,  “é incapaz de compreender a atividade da imprensa, que é a de levar informação aos cidadãos.”

Jornalista é somente um operário. Carrega o ônus dos erros dos donos dos veículos de comunicação,  da conduta suspeita de dirigentes de grupos de mídia que manipulam a opinião pública e que não se expõem como seus trabalhadores. 

Mas a violência contra repórteres os beneficia, porque enquanto o jornalista apanha, esses senhores  tem mais um argumento para chamar a atenção para uma reação agressiva das ruas que na prática eles estão estimulando  escancaradamente.

A nota conjunta da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e Associação Nacional dos Jornais (ANJ) é cínica. Se de fato não há justificativa para  a violência, qualquer violência, "o atentado à liberdade de imprensa", que a nota se refere, não se dá nesse contexto.

Ocorre quando usam seus veículos para interferir nos poderes da República e ao expor seus trabalhadores num campo de batalha onde estes buscam, sim, a informação, mas são os veículos que  esses senhores comandam que ditam o seu direcionamento.

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ASSUNTOS: Fenaj, lula, PF

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.