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O 'direito' do policial atirar para matar


Por Raimundo de Holanda

05/03/2019 19h42 — em
Bastidores da Política



O presidente Bolsonaro não escondeu de ninguém, durante a campanha, que era seu desejo, compartilhado por parte do eleitorado, dar ao policial o direito de atirar para matar. Ouvir isso de Bolsonaro, hoje também não é novidade. Mas quando um magistrado como Marcelo  Bretas entra nas redes sociais para manifestar igual sentimento é porque  há uma decomposição de valores no País e dele não escapam nem mesmo membros do Judiciário.

No dia seguinte a manifestação de Bretas, Bolsonaro voltou à carga, pedindo que o Congresso estabeleça a previsão legal para que o policial mate.  E não é  que Bretas voltou ao Twitter para  compartilhar o comentário de Bolsonaro e dizer que se sentia honrado ?

Em que País estamos vivendo, onde um ilustre juiz  entra em uma discussão perigosa e sobre um tema delicado?

Como juiz da Lava Jato, como agiria Marcelo Bretas  em eventual caso em que um acusado de corrupção é morto durante uma tentativa de fuga pela policia ? Ele seria credor  da ação policial ?  Como julgaria esse caso? Evidentemente que não julgaria, pois passaria para outra área do judiciário, mas sua opinião teria um peso significativo no julgamento do réu.

Mesmo sem essa “autorização” para matar, como defendem Bretas e Bolsonaro, a policia brasileira matou em 2017  mais de cinco mil brasileiros. Com a autorização - caso o Congresso ceda às pressões do presidente - esse número pode triplicar - até porque haverá mais gente armada nas ruas,  com a liberação  do uso de arma de fogo.

Mas há uma questão final a ser discutida: E QUANDO a  polícia tem propensão para matar? Ou quem a comanda é claramente uma pessoa suspeita ?  Quantas vidas poderão ser ceifadas em nome de um direito que só existe dentro de mentes confusas?

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.