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O caso Keit e a nova decisão do juiz Márcio Rothier


Por Raimundo de Holanda

13/09/2019 20h37 — em
Bastidores da Política



Uma investigação em curso na Polícia Federal sobre o suposto envolvimento da ex-secretária de Assuntos Fundiários, Keit Maciel da Gama, com a grilagem de terras no Estado do Amazonas, veio a público através do Portal do Holanda, Amazonas 1 e Grupo Diário. Matérias calcadas em fato concreto encaminhado à PF pelo Ministério Público Federal. A acusada recorreu à justiça, alegando  ofensa à honra e pedindo a retirada das reportagens e direito  de resposta. Medida concedida.

O juiz foi instado a rever sua decisão e o fez depois de  analisar detalhadamente as provas apresentadas,  O fato já havia provocado forte reação do Sindicato dos Jornalistas no Amazonas, Federação Nacional dos Jornalistas e  Associação Nacional dos Jornais (ANJ).

Mais do que matérias jornalísticas fortemente amparadas em fatos, prestes a ser excluídas, o que estava em jogo era o direito constitucional à informação, a  liberdade de imprensa e de expressão, que o juiz corajosamente exalta em  sua decisão desta sexta-feira: “ a Constituição Federal  protege a vida privada, a intimidade e a honra, mas também assegura a liberdade de pensamento e a plena liberdade de informação jornalística”.

Ganhou com a decisão o próprio  magistrado, que não se recusou a rever seus atos e a reavaliar medida anteriormente adotada. Ganhou a justiça, que se fortalece com exemplos como o de Márcio Rothier. Ganhou  o jornalismo investigativo, que tem esse papel  difícil  de se infiltrar nos subterrâneos dos governos e expor suas feridas. 

Ganhou  a sociedade,  que teve assegurado o direito de ser informada com clareza e responsabilidade. Ganhou  a democracia à medida que os veículos de comunicação continuam exercendo livremente o papel de denunciar, investigar, apontar erros de autoridades e exigir ações reparadoras.

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ASSUNTOS: Amazonas, Carlos Almeida, grilagem de terras, keit, política fundiária

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.