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O amigo que optou por morrer na escola


Por Raimundo de Holanda

18/02/2020 18h43 — em
Bastidores da Política


  • E eu, que sempre achei difícil aceitar a morte, fiquei angustiado com esse gesto de quem pregava a vida tão intensamente como ele pregava. E pensei nos extremos ...

Hoje vou usar a primeira pessoa para falar diretamente com você, leitor. Para contar uma história que encheu a tarde desta terça-feira de tristeza. Um amigo morreu. Optou por morrer.  E eu, que sempre achei difícil aceitar a morte,  fiquei angustiado com esse gesto de quem pregava a vida tão intensamente como ele pregava.  E pensei nos extremos - aquele ponto que não devíamos ultrapassar. A fronteira, o limite que a vida previamente demarca.

E cruzamos essa linha todos os dias, quando amamos demais, odiamos demais, conspiramos contra supostos inimigos, quando sentenciamos ou denunciamos sem provas, quando avançamos sobre bens que não são nossos, quando nos julgamos donos de uma verdade que nem nós acreditamos. 

Muitos dão-se bem. Outros,  acabam alvos dos mercadores da fé, que vendem Deus por um dízimo e vão subindo de preço como agiotas cobrando juros sobre um bem que não lhes pertence.

Nesses templos de escuridão não vemos, nem sentimos porque seus donos se apossam de nossos bens e de nossos sonhos. Não expulsam demônios, como dizem, expulsam nossa vontade de viver, de  ter esperança, de olhar a vida com outros olhos, de aceitar a diversidade, de compreender a sexualidade de nossos filhos, e que  a vida é uma cesta de oportunidades.

Lá residem os demônios dos quais tentamos fugir. Lá reside a negação da vida com liberdade. Lá prega-se o preconceito em nome de  quem defendeu a diversidade.

Essa é uma noite de tristeza. Que provavelmente vai durar muito tempo. O tempo  da vida dos  amigos e admiradores de Cristiano…

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ASSUNTOS: Amazonas, Manaus, morte na escola Adalberto Vale, violencia, violência, violência

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.