Luta em duas frentes
O ministro Eduardo Braga tem procurado ocupar espaço na mídia e elegeu as inaugurações da Eletrobrás no Amazonas para marcar presença e iniciar um novo marco na relação com a imprensa. Está mais amável, mais simpático, mais atencioso e dedicado. É um grande esforço, o que sinaliza que está revendo atitudes e reconhecendo erros. A menos de ano e meio da eleição para prefeito de Manaus, o ministro mantém duas frentes de luta: Na primeira, briga para ocupar a vaga de governador, que perdeu na última eleição. Na segunda, articula lançar candidato (ou ele mesmo) para disputar a prefeitura de Manaus em 2016. Nos dois casos enfrenta grandes desafios. Não conseguiu convencer os eleitores de que, como ele diz, não foi lícita a eleição do adversário, o governador José Melo. A segunda é ter de enfrentar, caso decida sair candidato a prefeitura de Manaus, o prefeito Artur Neto, cuja popularidade continua em alta. Mas é reconhecidamente o líder da oposição e, como tal busca fortalecer um grupo fortemente afetado pela derrota em 2014.
QUESTÃO DE ESTILO
Ao contrário dos adversários que se mantêm irredutíveis em seus palanques eleitorais, inclusive na disputa por um terceiro turno, o governador José Melo optou por administrar sem mágoas ou ressentimentos. Com a experiência de quem participou de todos os governos do Amazonas desde a redemocratização do país, Melo tem deixado a política de lado para se dedicar a um governo de resultados. Pressionado pelas circunstâncias da crise, onde as pendências motivadas pelo arrocho financeiro vêm à tona a toda hora, ele direciona ações para metas específicas: manter a máquina funcionando, sustentar a arrecadação, e realizar os projetos de governo.
Exigente com colaboradores e aliados, Melo se permite ‘reconhecimento sincero’ aos adversários. Para ele, não existe “sonho feito de brisa”, mas uma realidade que é dura, porém, pode ser vivida com ternura.
DE QUEM É A CULPA
Ciclistas de todo o Brasil estão em Manaus desde sexta-feira debatendo formas de melhorar a mobilidade urbana no país, no 4º Fórum de Bicicletas. Líderes de movimentos e associação de ciclistas daqui e de outros locais lutam por um espaço no trânsito de suas cidades. Mas não é tarefa fácil. E eles já identificaram o maior inimigo da causa: o próprio ser humano. Seja o governante que dá pouca atenção à causa; seja o condutor do veículo motorizado que dá pouco valor à vida. A média anula de morte no trânsito em Manaus é de 250 pessoas. No Brasil em 2014 foram 45 mil mortes no trânsito.
A proposta dos ciclistas é a aproximação com os governos e a atuação forte nas políticas públicas. Eles têm em Manaus o apoio do prefeito Arthur Neto, que pratica pedalada e está investindo em faixas exclusivas para bicicletas.
O VOTO JARAQUI
Depois que o jaraqui começou a ‘dar votos’ e elegeu deputado o presidente da Colônia de Pescadores Walzenir Falcão, os pescadores se transformaram em segmento eleitoral e passaram a ser disputados a ferro e fogo. O Falcão, que vigiava os cardumes eleitorais acabou perdendo o espaço para Dermilson Chagas, iniciando uma briga política. E já de olho em 2016, os dois começam a trocar animosidades, tudo pra ver quem fica com o voto do jaraqui.
VENDE DE SUPÉRFLUOS
Tudo bem que quando a coisa tá feia a gente é obrigado a vender até os bens para salvar e pele. Mas o governo federal está colocando à venda supersupérfluos. Dentre os 20 imóveis colocados à venda pelo ministro do Planejamento Nelson Barbosa, estão uma cobertura duplex (na Barra da Tijuca) por R$ 7,1 milhões, um hotel por R$ 4,2 milhões, dois apartamentos por R$ 3,5 e R$ 3,4 milhões e uma casa (no Butantã) por R$ 1,2 milhão. Agora, como explicar que a imobiliária federal esbanjava dinheiro com imóveis de luxo?
A GRANDE VIRADA
Depois de ouvir que o Ministro Joaquim Levy falou que “Já é possível ver uma ‘virada’ na economia”, um político amazonense experiente ironizou: “É, virou mesmo, como diz o caboco, ‘emborcou’: o dinheiro tá valendo menos, os preços estão mais elevados, os salários estão baixando, as empresas estão vendendo menos e o desemprego está aumentando”.
Se o prognóstico for certeiro com o que a Empiricus fez, em 2014, intitulado “O Fim do Brasil”, sobre a crise deste ano, os trabalhadores vão se lascar de novo com o PT.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.