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Foro privilegiado trava Lava Jato no Amazonas


Por Raimundo de Holanda

17/11/2016 23h54 — em
Bastidores da Política



O foro privilegiado afasta, por enquanto, uma operação da Polícia Federal contra os dois últimos ex-governadores do Amazonas, citados em delação da Andrade Gutierrez.  

A lava Jato amanheceu ontem na porta do ex- governador do Rio, Sérgio Cabral, acusado de receber propina da Odebrecht por obras no Estádio do Corinthians (e mesada mensal de R$ 350 mil  da  Andrade Gutierrez)  porque ele, ao deixar o  governo no final de 2014, desistiu de concorrer  a uma vaga de senador.

Sem foro privilegiado, Cabral se tornou um alvo fácil da Força Tarefa baseada em Curitiba.  

No caso dos ex-governadores do Amazonas, também acusados de supostamente cometerem  crimes semelhantes aos atribuídos ao ex-governador do Rio, a Força Tarefa da Lava Jato precisaria de  autorização do Supremo Tribunal Federal para eventualmente fazer prisões  e aprofundar as investigações.

Pelo menos outros 300 políticos, entre senadores e deputados federais.alvos da Lava Jato. estão protegidos pelo foro privilegiado. Isso  impede que as investigações e punições avancem. O que coloca o Congresso, capitaneado pelo senador Renan Calheiros - no olho do furacão de Lava  Jato - em pé de guerra com o Judiciário e o Ministério Público Federal.

A aposta desses políticos é que, como podem legislar em causa própria, aprovem leis que travem a Força Tarefa montada no País para combater a corrupção.

A partir de agora vai ser uma guerra. De sobrevivência. Se não houver uma forte pressão da sociedade, eles vão vencer. (RH)

MELO VAI CUMPRIR ACORDOS, DIZ LIDER

Diante de denúncias de que o governador José Melo não iria cumprir os acordos de parcelamento de reajustes salariais de servidores já aprovados pela Assembleia Legislativa, o líder do governo David Almeida disse ontem que quase todas as secretarias estaduais tiveram diminuição em seus orçamentos para 2017, que chegam a até 40% (Secretaria da RMM). Mas somente a Sead teve aumento orçamentário, passando de R$ 1,819 bilhão em 2016, para R$ 2,003 bilhões, no Orçamento de 2017, que tramita na Casa. Que se refere justamente aos acordos coletivos de reajuste escalonados de servidores e aposentadorias especiais. 

Em relação aos servidores da Polícia Civil, que tem lei aprovada na Assembleia, David disse que o governo já cumpriu duas parcelas, e a próxima será paga no prazo em janeiro. “O governador está cumprindo os acordos aprovados, apesar de o Estado ter perdido 9,5% do faturamento do PIM.”

A VOLTA DE LEITE

Ao reassumir ontem o cargo de deputado na Assembleia Legislativa, o deputado Sidney Leite recebeu cumprimentos e elogios de todos os colegas presentes à sessão. Num gesto de cortesia o líder do PROS, Belarmino Lins ofereceu a liderança de volta a Leite, que era líder quando se licenciou para assumir a Sepror. Sidney Leite agradeceu, mas dispensou dizendo que a liderança está muito bem representada por Belão. 

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Em seu discurso Sidney Leite disse que são muitas as questões de relevância a serem tratadas no Parlamento, e questionou o fato de o Amazonas apesar de ser o estado mais bem preservado do país, com mais de 60% de seu território constituído de reservas ambientais, só receber migalhas de recursos do Fundo da Amazônia. 

DEMISSÕES PREOCUPAM MP

O procurador-geral Fábio Monteiro tem reunião agendada hoje, às 10h, no auditório do MPE/AM, na estrada da Ponta Negra, com os prefeitos dos 61 municípios do interior, especialmente os 51 onde não houve reeleição e estão em processo de transição governamental. A preocupação maior do MP são as demissões em massa que vem ocorrendo em alguns municípios e o sumiço de documentos oficiais que já é costumeiro nos casos de transição. 

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Outra preocupação é com as consequências das demissões e atrasos no pagamento, que já resultaram em protestos e agressões em alguns municípios. A reunião terá a Associação Amazonense dos Municípios como intermediadora, a fim de ‘amenizar’ o rigor com os prefeitos.

QUE VENHA A GREVE

Os dirigentes da Adua/Ufam, que ainda ‘rezam’ pela cartilha do PT-PCdoB e gostam mesmo de ganhar sem trabalhar, reúnem hoje para definir mais um indicativo de greve na maior universidade amazonense. Como eles agora são politicamente ‘do contra’, a justificativa para promover nova paralisação é a edição da PEC 55/2016, que trata sobre o teto aos gastos públicos no governo federal, e da MP 746, sobre a reforma do ensino médio. Na última greve, enquanto os alunos ficaram sem estudar e perderam um semestre letivo, muitos docentes curtiram férias coletivas, inclusive na Europa.

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ASSUNTOS: arena amazônia, delação premiada, Eduardo Braga, Lava Jato, Manaus, Omar Aziz, Sérgio Cabral

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.