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Eleição de 2014: Lição que não pode ser esquecida


Por Raimundo de Holanda

28/12/2014 0h01 — em
Bastidores da Política



A disputa para o cargo de governador na eleição deste ano ficará marcada como a mais acirrada, inusitada e cheia de ensinamentos para os novos e antigos atores da cena política amazonense. Desde o retorno da normalidade democrática, em 1982, quando Gilberto Mestrinho derrotou o jovem deputado Josué Filho, não se via um pleito tão cheio de novidades. Começou pelo rompimento de Omar Aziz com Eduardo Braga, de quem tinha sido vice-governador e sucessor. Nem o mais otimista dos analistas preveria uma derrota fragorosa de Eduardo Braga para José Melo. Em meados de junho, Melo não atingia dois dígitos nas pesquisas de intenção de votos, enquanto Braga surfava em mais de sessenta pontos percentuais, segundo as amostras da ocasião.

A consolidação e crescimento da candidatura de José Melo, após as convenções, tornou-se fenômeno irreversível e lhe conferiu  vitória maiúscula sobre um candidato tido como imbatível, até então. Institutos de pesquisas foram desmoralizados, previsões frustradas e o pequeno venceu o grande. A humildade derrotou a soberba.

Omar Aziz - no passado tido como coadjuvante - acreditou na candidatura de José Melo e ajudou a derrotar Eduardo Braga e Amazonino Mendes juntos, façanha impensável no passado recente.

Que a história desta disputa sirva de exemplo para quem se acha proprietário da vontade popular e senhor do destino das pessoas. O eleitor amazonense mostrou que é senhor do seu próprio destino.

CONFIA EM QUEM?

Diante da indicação de Eduardo Braga para o Ministério de Minas e Energia, o PMDB vê em Sandra Braga, primeira suplente, o nome ideal (e natural)  para ocupar e permanecer na vaga a ser deixada pelo senador. Para o partido, ela inspira mais confiança e divide os mesmos objetivos do marido. Se Parisotto assumir, será sinal de que Eduardo é quem não confia tanto assim em Sandra.

ADAIL, QUEM TIRA O CHAPÉU PARA ELE ?

O prefeito cassado de Coari, Adail Pinheiro, é um homem de uma resistência titânica. Daqueles que nunca se entregam, mesmo quando tudo parece correr contra ele. Flagrado em escutas telefônicas da Operação Vorax deflagrada pela PF e MPF, em maio de 2008, Adail viveu os últimos seis anos e sete meses sob intensa pressão judicial, política e popular. Nesse tempo, foi preso duas vezes, em 2009, quando mudou de Coari para Manaus sem comunicar à Justiça e em fevereiro deste ano, por mandado de prisão da Justiça do Amazonas.

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Acusado de pedofilia e improbidade administrativa, enfrentou três CPI: no Senado, na Câmara Federal e na Assembleia do Amazonas. Foi afastado do cargo no dia 14 de março; no dia 18 de novembro passado, foi condenado pelo TJAM a 11 anos e 10 meses de prisão em regime fechado, e apenas um mês depois, em 17 de dezembro, teve o mandato cassado pelo TSE.

APERTEM OS CINTOS

O próximo ano promete ser de cinturão apertado. Após uma “década de ouro”, a construção civil, que é um dos setores que funcionam como termômetro de aceleração da economia, está desacelerando. E não de uma forma controlada, mas ladeira abaixo. Análises econômicas mostram que as construtoras estão dando descontos de até 45%, e as imobiliárias incentivando proprietários a dar descontos de até 30% para vender mais rápido. Junte-se a isso o aumento do número de pessoas que desistem de comprar na planta e o valor de mercado de empreiteiras desabando. Alguns já falam em “bolha”.

EDILENE E A AÇÃO SOCIAL

A primeira-dama do Estado, Edilene Gomes de Oliveira, vai ampliar em janeiro sua atuação nas políticas sociais do governo, a partir da Secretaria de Assistência Social (Seas) e do Fundo de Promoção Social. Edilene já vem atuando desde que o marido José Melo assumiu o governo em abril, mas em janeiro de 2015 toma posse de corpo e alma nos programas governamentais na área social. O próprio governador já passou a informação aos dirigentes das entidades sociais parceiras do governo.

PETROBRAS SEM GRAÇA

O fim do ano para a Petrobras, cercada de escândalos, dentre elas as mais recentes denunciadas por Venina (que diferente do ex-chefe Paulo Costa não possui acusações), indica que a estatal pode começar 2015 sem graça. Com o rosto estampado em todas as mídias, com acusações tais como a de omissa, Graça Foster está prestes a dizer adeus. Claro que não pela vontade da presidente Dilma, que a defende com unhas e dentes, mas pelos números que começam a indicar que a teimosia da presidente já prejudica seu novo mandato e a própria Petrobras. Sem Graça parece melhor.

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ASSUNTOS: GOVERNADOR JOSÉ MELO, Portal do Holanda, senador eduardobraga, senador omar aziz

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.