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Cumplicidade, omissão e mortes pelo coronavírus no Amazonas


Por Raimundo de Holanda

09/04/2020 19h17 — em
Bastidores da Política


  • Os casos de coronavírus no Amazonas cresceram muito rapidamente nos últimos dias. E com eles o número de mortos. Empurrada pela mídia nacional, a imprensa local aponta o dedo para os que “desafiam o confinamento”. Há nisso tudo uma meia verdade...

A Covid-19 expôs as feridas do sistema de saúde no Estado, buracos abertos a cada governo, onde os recursos sumiram ou foram mal aplicados. E colocou a medida certa na capacidade de gestão dos atuais governantes. Os que tentaram até aqui politizar o problema rasgaram a biografia  e serão lembrados  pelo número de mortos que enterrarem ou colocarem em câmaras frigorificadas.

Há uma cumplicidade geral em torno do avanço da pandemia no Estado. Olha-se apenas quem está burlando o confinamento. Fecha-se os olhos para o fato de médicos e enfermeiros estarem sendo contaminados, ignora-se que o governo abandonou os cidadãos mais pobres, confinados em casebres, sem pão e água. Por  absoluta  falta de nutrientes, acabarão se transformando em  grupo de altíssimo risco.

Ninguém está olhando esse problema, tão grave quanto  a falta de leitos nos hospitais. Grave porque, à medida que o vírus se instalar nas favelas, faltará espaço para enterrar os mortos nos cemitérios de Manaus. Uma pergunta aos governantes: onde estão as cestas básicas para ajudar os mais pobres nesse momento em que, ficar em casa é apontado pelas autoridades sanitárias  como meio de amenizar o avanço da Covid -19?

Por que o Amazonas assumiu  uma posição vergonhosa nessa pandemia, com cerca de mil casos confirmados até esta quinta-feira ?  Ninguém lembrou que o sistema de saúde é falho, que terceirizou-se a vida, que o governo atual não fez nada para ajustar o sistema,  a não ser esvaziar os cofres para pagar contas de outros governos que somaram, no primeiro ano da atual gestão, R$ 700 milhões - serviços que não se sabe se foram efetivamente prestados.

Essa conta tinha que chegar ao  bolso do cidadão em algum momento, mas não esperava-se que a moeda a ser usada seria a vida das pessoas.

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ASSUNTOS: Amazonas, COVID-19, OMS, pandemia, wilson lima, Coronavírus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.