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Braga com futuro incerto


Por Raimundo de Holanda

21/03/2016 23h26 — em
Bastidores da Política



 Eduardo Braga está decidido abandonar o barco da presidente Dilma e desembarcar em Manaus.  Ontem seus advogados pediram pressa do TRE para afastar o governador José Melo e dar-lhe posse. O fato de ser um dos alvos da força tarefa que investiga suposto pagamento  de propina pelas obras da  Arena Amazônia não parece incomodar o ministro, que para assumir  o governo do Amazonas terá  que abrir mão do foro privilegiado que  usufrui como senador e como ministro de Estado.

Cair nas mãos do juiz Sérgio Moro, caso as investigações apontem que esteve envolvido em negócios não republicanos com a Andrade Gutierrez, durante seus dois governos,  é uma possibilidade que não pode ser descartada. Mas como quem não deve não teme,  Braga parece disposto a abrir mão de tudo para voltar ao governo.

Ao final, pode ser provado que é inocente e que seu determinismo de encarar uma disputa judicial para tomar o lugar do governador José Melo fazia sentido.

Mas se o desfecho for outro? A resposta será dada nos próximos dias após a homologação das delações envolvendo executivos da Andrade Gutierrez pelo Supremo Tribunal Federal

Quem parece pouco à vontade é a presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargadora Socorro Guedes, que ontem esteve frente a frente em Manaus com os advogados de Braga – um deles o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcos Vinícius. Muita pressão para uma decisão que parece não caber mais a presidente – declarar a vacância do cargo de governador e determinar a posse do segundo colocado nas eleições do ano passado.

È que  o recurso apresentado por José Melo, segundo juristas, já garante, por si mesmo, o efeito suspensivo. Isto é, que o governador fica no cargo até o trânsito em julgado da  decisão pelo TSE.  (Raimundo Holanda)

DIREITO DE DEFESA

Senhor editor, em razão da nota veiculada no último domingo (20) e nesta segunda-feira (21), no Portal do Holanda, com os títulos “Hissa na Berlinda” e “Freire diz que Hissa Abraão deixou PPS para ficar com Dilma e enterrou sua história”, o deputado federal Hissa Abrahão (PDT-AM) esclarece:

- Que em nenhum momento foi desleal com companheiros do PPS, principalmente, com o presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire.

- Que saiu pela porta da frente do seu ex-partido, onde deixou vários amigos e uma linda trajetória política, iniciada na adolescência.

- Que sua trajetória política não será manchada por ter mudado de agremiação partidária, uma vez que, seus princípios morais e éticos seguem consigo.

- Que sempre cumpriu compromissos políticos, por onde passou.

- Que decidiu sair do partido em razão de ter percebido que seria usado como moeda de troca mais uma vez, e, que o grande beneficiado tinha como alvo o atual prefeito.

- Que no cenário nacional, o PPS é parceiro e tem compromissos políticos com o PSDB, partido do atual prefeito de Manaus.

- Que mudou-se para uma sigla partidária que lhe deu garantias e possibilidades claras da disputa das eleições de 2016, como tempo de TV, participação em debates, entre outros.

- Que não possui nenhum tipo de subordinação ideológica ou a quaisquer grupos e/ou agentes políticos atuantes no Amazonas.

-Que não servirá mais de trampolim para nenhum político no Estado do Amazonas.

- Por fim, Hissa ressalta que este tipo de debate em nada contribui para a melhoria da cidade e resoluções dos problemas da capital, e, que seu foco é atuar na Câmara Federal na defesa do Amazonas, de forma que o Estado seja beneficiado com seus projetos.

 SEM SALVO CONDUTO

Sem um ‘salvo conduto’ do STF para assumir o cargo de ministro chefe da Casa Civil, Lula voltou assim mesmo para Brasília para continuar o que ele saber fazer  melhor: articulações nos bastidores. Disposto ao tudo ou nada, o ex-presidente desafia a Justiça atuando como governante informal do país, fazendo reuniões e jantar com ministros e a presidente Dilma para tratar de mudanças políticas e econômicas. Para juristas experientes “esta é uma situação completamente esdrúxula na governança da nação.” A cúpula petista promete um debate político acirrado na comissão do impeachment, que ontem teve sua primeira reunião de trabalho, para evitar o afastamento da presidente.

MÃOS LIMPAS

Ontem o jornal espanhol El País relembrou a operação “Mãos Limpas” ocorrida na Itália entre 1992 e 1994, fazendo numa comparação com a Lava Jato brasileira. O artigo do jornal “Lava Jato, filho mais novo da operação Mãos Limpas” considera as investigações conduzidas pelo juiz federal Sérgio Moro como “o filho mais novo daquele terremoto político” que varreu a Itália e fez desaparecer nas urnas os quatro maiores partidos, entre eles a poderosa Democracia Cristã (DC) e o Partido Socialista Italiano (PSI). Liderada pelo juiz Antonio Di Pietro, a maior investida de todos os tempos contra a corrupção político-empresarial levou à condenação de quatro ex-primeiros-ministros, 438 políticos e parlamentares, 872 empresários e 2.993 mandados de prisão entre 6.059 investigados.

CALMA...JANELA FECHADA

Depois que a ‘janela’ eleitoral se fechou as coisas se acalmaram nas agremiações partidárias. Entre perdas e danos ninguém saiu prejudicado.  As divergências que vinham acontecendo diante de pré-candidaturas majoritárias emergentes cessaram, por enquanto. Até o final de julho os arranjos e coligações visando a disputa da prefeitura de Manaus vão dominar o cenário. No caso dos vereadores a luta dos partidos será para conseguir uma coligação de ‘qualidade’ ou assumir um caminho independente numa ‘chapa camarão’.

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ASSUNTOS: cassação, Eduardo Braga, José Melo, marcos vinicius, OAB

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.