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ASSASSINO E DUBLÊ


Por Raimundo de Holanda

02/09/2014 18h45 — em
Bastidores da Política



O que surpreende no assassinato do sargento José Cláudio Marques é o fato de o criminoso pular da moto atirando, debruçar-se sobre o corpo da vítima e levar uma sacola, supostamente  cheia de dinheiro. Foi uma cena semelhante as protagonizadas pelos dublês de filmes de ação. Mas há outras surpresas, não menos lamentáveis,  como por exemplo a presença de um militar, que deveria estar nas ruas, prestando serviço à comunidade, atuando como segurança da esposa de um deputado, candidato ao governo. Um claro desvio de função, no mínimo autorizado (informalmente) pela Casa Militar da Assembleia Legislativa. 

O Policial está morto e lamenta-se profundamente a perda de uma vida, mas a sociedade, que se  queixa, com razão, da violência, paga uma conta muito alta por um número expressivo de militares a serviço de autoridades, mulheres de autoridades, filhos de autoridades, como se essa gente estivesse  na condição de cidadãos especiais. Não estão.  

O pior é que agora surge uma versão que não bate com a realidade: a de que o policial era apenas amigo da familia e que estava ali por acaso, na companhia da esposa do deputado. A prevalecer essa versão, perde a familia alguns beneficios que poderia ter, no caso de morte do militar em serviço. No final, prejudica-se o  mais fraco. É  como se o militar moresse duas  vezes e ainda tivesse a ficha manchada por quem estimula ou consente esse tipo privilégio que não é concedido ao cidadão comum.

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ASSUNTOS: Amazonas, assessor chico preto, Manaus, militar assassinado, sargento morto

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.