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Começa a disputa pelo comando da Suframa


Por Raimundo de Holanda

27/10/2014 0h37 — em
Bastidores da Política



Mesmo declarando seu voto na presidente Dilma Rousseff, o superintendente da Suframa Thomaz Nogueira anuncia sua saída do cargo. Diz que só vai ficar até 31 de dezembro. Parece estar antecipando uma saída honrosa. O cargo deverá ser o novo objeto de disputa entre o Senador Eduardo Braga e o governador reeleito José Melo e seu grupo. Para Braga, com Dilma reeleita, é o espólio de campanha que resta para conquistar. Com Omar eleito senador, vai ser uma nova pedreira.

Artur, o grande aliado de Melo em Manaus

O Prefeito Artur Neto foi o grande aliado do governador José Melo em Manaus. Melo, que no primeiro turno obteve  391.168 votos  (40,39%), ontem sua votação somou, na cidade, 542.097(59,03%). Muitos desses votos migraram de Marcelo  Ramos (PSB), mas a participação de Artur  foi decisiva.  O prefeito também fez mais eleitores para Aécio do que no primeiro turno, quando o presidenciável somou em Manaus 325.734 votos (  19,41 % ). Agora foram  555.801, ou seja, mais 230.067 , quase o mesmo número obtido pelo candidato a deputado federal mais votado do Amazonas, Artur Bisneto.

 EDUARDO E O TEMPO DO VERBO

Melo venceu linearmente, em Manaus e no Amazonas. Não houve nenhum susto numa votação na qual o governador liderou de ponta a ponta. O eleitor  entendeu as mensagens dos concorrentes e decidiu: Melo continua no governo. Mas não foi uma derrota pessoal, do senador Eduardo Braga. Trata-se da derrota de um estilo de fazer política cujos mentores já estão fora de cena. No pós-ditadura eles dominaram durante 25 anos, governando para o “eu”, esquecendo que o “nós” é o pronome que conjuga o tempo do bem comum.

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Braga sai duplamente derrotado. Perdeu a eleição e também a possibilidade de manter vivo o seu grupo político. Saiu do governo em 2010 acreditando que viveria apenas um “breve” intervalo fora da cadeira. Porém, cometeu erros imperdoáveis. Todos frutos da sua destemperança incontrolável. E por causa dela não soube ser líder nem aqui, nem em Brasília. Agora sua bancada política terá de rever posições.

BRANCOS E NULOS

A diferença de votos que reelegeu o governador José Melo (Pros) foi cerca de 173 mil. A soma de votos brancos e nulos no Amazonas chegou a mais de 155 mil votos. Quer dizer, nem que esses eleitores votassem no senador Eduardo Braga (PMDB) daria para elegê-lo.

ABSTENÇÃO DE 23%

O número dos eleitores que votaram em branco no Amazonas foi superior a 27 mil, já os eleitores que preferiram anular seus votos  somaram cerca de 130 mil e ficou acima de 7%. A abstenção foi de 23%.

DILMA PERDE ELEITORES EM MANAUS

Os eleitores de Manaus reduziram a votação que deram em 2010 à presidente Dilma Rousseff (PT). Se naquele ano chegou a 79% os votos do eleitorado que a elegeram na cidade, em 2014 essa participação caiu para cerca de 56% dos votos válidos. ( LEIA TAMBÉM: Saiba porque  Eduardo Braga perdeu a eleição

UM PAÍS DIVIDIDO

Votaram em Aécio Neves 51 milhões de brasileiros, enquanto Dilma Rousseff ganhou 54 milhões de votos o que demonstra um país dividido entre o governo do PT, que agora vai para o quarto mandato, e os tucanos que buscam voltar ao poder. Aécio Neves sai como o líder dessa metade de brasileiros que votou nele.

SEM BOLETINS DE URNA

Quem procurou os boletins de urna que deveriam ser afixados nas seções de votação não conseguiu encontrar, pelo menos este foi caso da Escola Estadual André Araújo. O coordenador do local, que se identificou como Evandro Santos, informou que os BUs foram entregues aos fiscais das coligações.

LEIA TAMBÉM: Saiba porque  Eduardo Braga perdeu a eleição 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.