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Amigos, ex-amigos, futuros aliados. Assim são os politicos


Por Raimundo de Holanda

27/08/2016 23h19 — em
Bastidores da Política



Essa eleição está mexendo com a cabeça do eleitor. Menos pelas propostas dos nove candidatos à Prefeitura de Manaus  e mais, muito mais, pelo novo cenário criado com as cisões ocorridas em 3 de agosto. Diferentemente de amigos que se conhecem e se gostam, os políticos focam a conveniência. Mas também não são inimigos mortais, apenas desenvolveram uma genuína capacidade de se distanciar e se reaproximar a cada eleição,  numa repetitiva mudança de atitude e discurso.  E isso vale para todos os grupos em disputa, que têm a mesma origem  ou se contaminaram em estranhas alianças ao longo dos últimos anos.. 

O  que a gente lamenta é que dos vários  lados temos grandes amigos(?). Mas será que eles sabem o que é isto (se as lições que nos passam são outras)?  Será que eles conseguem fazer uma lista de grandes amigos dos últimos dez anos, sem alterá-la a cada eleição? 

Para eles, a lição deixada por Oswaldo Montenegro em sua belíssima canção "A lista":(RH)

OS CANDIDATOS AGEM ASSIM

Em entrevistas ao longo da semana, cinco dos candidatos a prefeito falaram de suas propostas e de como pretendem realizá-las. Houve dissonâncias entre o discurso e prática.

Serafim Correa disse que se for eleito vai governar dialogando com a sociedade. Nada de mais, só que Serafim já foi prefeito de Manaus e tentou seguir essa linha de atuação, sem muito sucesso. Tanto que na condição de deputado estadual passou uma ‘lição’ ao então pré-candidato do PT José Ricardo, que discursava sobre as ‘delícias’ de uma gestão conduzida pelos desejos do povo. “Olhe, esse negócio de abrir órgãos públicos para o povo nos fins de semana é um perigo. Eles destroem tudo, arrancam até vaso sanitário”.

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Já o pastor Silas Câmara propôs governar Manaus sem distinção entre pobres e ricos, centro e periferia e até entre crenças religiosas. É, sem dúvida, uma boa causa humanitária, mas certamente ele vai ter trabalho para convencer seu rebanho evangélico dessa premissa cristã. Nas igrejas e templos os ‘eleitos’ de Deus ainda tratam os não-irmãos de ‘ímpios’.

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Por sua vez Henrique Oliveira colocou como destaque de sua proposta de governo a “prioridade à saúde, melhorando os baixos níveis de atendimento básico da cidade”. Henrique só esqueceu que é vice-governador  de um estado onde a saíude pública vai mal. 

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O petista José Ricardo prega uma administração municipal voltada para a mobilidade urbana, moradia e água para o povo de Manaus. Finge que as três questões estão ligadas diretamente ao suporte financeiro do governo federal, que ao falir o país com a corrupção desenfreada no governo do PT deixou governos estaduais e municipais à míngua, sem recursos para os três setores.

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Para Hissa Abrahão, “ser realista é o melhor caminho para uma possível administração com o atual orçamento da Prefeitura”. Bom, nas entrelinhas entende-se que ele vai fazer o ‘feijão-com-arroz’ do dia a dia. Para isso, Hissa disse que tem propostas na área da saúde, segurança, educação, transparência, tributos e meio ambiente. O perigo é se ele se aborrecer com a mesmice e renunciar.

O ESFORÇO DE REBECCA

A superintendente Rebecca Garcia tem se esforçado para reconduzir a Suframa à sua condição original de ‘órgão de desenvolvimento regional’, com autonomia administrativa e independência de gestão. Falta-lhe, contudo, a retaguarda política que superintendentes anteriores tiveram, para garantir as competências da autarquia no emaranhado de interesses que rolam em Brasília. Além disso, Rebecca enfrenta as consequências do ‘desmantelamento’ da instituição, promovido pelo governo do PT, nos últimos 13 anos. O contingenciamento dos recursos gerados aqui e destinados a promover o desenvolvimento regional, transformaram a Suframa, de ‘segundo governo’ do Amazonas em ‘protocolo de luxo’ do Mdic na Amazônia.

RELAÇÃO OBSCURA

Numa semana agitada pelo início da campanha eleitoral e o julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado, a maior casa política do país exibiu aos olhos do mundo uma faceta do Brasil que vivia escondida sob máscaras de cera. A relação obscura entre os poderes constituídos foi escancarada em bate bocas e descomposturas de homens e mulheres que deveriam primar pelo decoro público. No centro da polêmica maior, a senadora Gleisi Hoffmann procurou desqualificar a moral dos senadores, sendo ele própria uma das envolvidas em escândalo de propina e desvios de recursos públicos. E no calor do embate, o presidente Renan Calheiros revelou sua ‘intervenção’ junto ao STF para “desfazer o seu indiciamento (de Gleisi) e do seu esposo”. No hospício da ópera política, brilhou a pantomina entre os podres poderes.

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ASSUNTOS: candidatos a prefeito, eleições 2016, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.