Ministério da Ciência e Tecnologia faz corte de gastos no Inpa
Em 2015, houve corte de 30% no orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia. Este ano, os cortes incluem a extinção de pelo menos 120 cargos e funções de gestão e coordenação dos chamados D.A.S (gratificações para cargos de confiança), enfraquecendo a cadeia de comando.
Além disso, secretarias do ministério estão sendo extintas, as que resistem estão tendo a finalidade modificada e os servidores sendo remanejados.
De acordo com o Diretor de Assuntos Estratégico da Associação Nacional dos Servidores do MCTI (ASCT), Edilson Pedro, o que acontece com a reforma do MCTI é que ao não fazer uma discussão mais ampla sobre a política nacional de Ciência e Tecnologia (C&T) se tem o enfraquecimento do ministério como órgão executor dessas políticas e isso arrebate em suas unidades de pesquisas, entre elas o INPA.
Fragilidade do MCTI - A reforma administrativa exigida pelo Governo Federal visa o corte de gastos, mas no MCTI, tem ido muito além, pois as mudanças estão sendo estruturais. As propostas do Aviso Ministerial n° 24, fortalecem a área meio - principalmente a informática - e enfraquecem a área fim, fragilizando a pasta, o que pode ter como consequência a transformação do Ministério em uma secretaria, caso oposto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior, que foi fortalecido com a reestruturação (Decreto 8.663).
Pesquisas afetadas no INPA – Alguns setores do INPA já estão sendo ameaçados por falta de recursos humanos, principalmente. “Tem setores e laboratórios fechando, alguns setores da área de ciências médicas, então isso é preocupante porque não se formou quadro. O pesquisador está há 40 anos e não formou-se um quadro de recomposição, não houve concurso público para aquela área específica, então o INPA também teme a extinção de alguns setores”, informou o servidor público Jorge Lobato.
Um dos que sente os reflexos dessas mudanças é o pesquisador Roland Vetter, engenheiro florestal especializado em área tropical e que está no INPA desde que veio da Alemanha, seu país de origem, há 35 anos. Desde 2006 ele desenvolve junto a indígenas da Amazônia um purificador de água movido à energia solar. Ele diz que o último “grande” investimento financeiro em sua pesquisa foi em 2008. Ultimamente tem tirado dinheiro do próprio bolso para continuar sua pesquisa. “Os problemas que nós temos é ter recursos para continuar com as pesquisas porque às vezes falta alguma coisa e não tem investimento. Agora mesmo vou comprar um equipamento com parte do meu salário que vai ajudar a salvar vidas de crianças e eu gostaria de continuar a pesquisa”, lamentou.
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