O Estado concentra o maior número de casos registrados em todo o país e atinge principalmente a população da capital, especialista fala sobre o assunto

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que atinge principalmente os pulmões, mas embora a tuberculose pulmonar seja a mais comum, a doença pode atingir outros órgãos, como os olhos, os ossos, os rins e até as meninges (membranas que recobrem o cérebro). Dentre todas as doenças infectocontagiosas, a tuberculose é a que mais mata, no Brasil, todos os anos são registrados cerca de 80 mil novos casos.

 De acordo com o Ministério da Saúde o Brasil ocupa hoje o 16° lugar na lista de países mais atingidos pela doença, só no ano passado, o país registrou 67.966 casos da doença, e em 2013 esse número foi de 71.123 casos. Embora esse número tenha diminuído nos últimos 17 anos, a tuberculose ainda é um problema grave de saúde pública e requer muita atenção por parte das autoridades e também da população.

No Amazonas, por exemplo, a cada dia surgem ao menos quatro novos casos, sendo que o estado registra a maior taxa da doença no país. Segundo Marlúcia Garrido, coordenadora do  Programa Estadual de Controle da Tuberculose, vinculada a Secretaria de Saúde do Estado (Susam), os maiores índices estão principalmente na capital Manaus, que concentra 79% dos casos, seguida pelo município de Parintins. 

Transmitida pelo contato direto e pelo ar, a tuberculose pode se disseminar rapidamente, sobretudo em ambientes fechados e com grande aglomeração de pessoas como explica a pneumologista do Hapvida Saúde, Juliana Puka: “A tuberculose é uma doença de transmissão aérea, ou seja, ocorre a partir da inalação de aerossóis de pessoa a pessoa. Assim, ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as pessoas com tuberculose em atividade lançam no ar partículas contendo os bacilos causadores da doença. Não há transmissão por objetos compartilhados, pois os bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente se dispersam em aerossóis”.

A especialista afirma ainda, que o motivo para uma incidência tão grande de casos no país deve-se principalmente “às profundas raízes sociais da tuberculose, sua profunda relação com as questões sociais e de saúde pública, que no Brasil ainda estão longe do ideal”. Ela explica que, apesar de qualquer pessoa estar vulnerável à doença, a maioria dos casos se desenvolve a partir das condições sociais, e lembra que indígenas, pessoas portadoras de doenças crônicas ou com HIV, moradores de rua, usuários de droga, fumantes e trabalhadores de ambientes fechados formam o principal grupo de risco da tuberculose.
A tuberculose é uma doença que atinge cerca de 30% da população mundial, mas nem todos são infectantes, a maioria funciona como um reservatório do bacilo causador do problema convive com ele e não consegue eliminá-lo, apenas o mantém sob controle, uma vez que por alguma alteração no organismo essas pessoas não conseguem mais manter esse controle, manifestam a doença e tornam-se transmissores em potencial como afirma a Juliana: “O seu principal reservatório é o ser humano e a doença acontece porque as pessoas, uma vez infectadas, não conseguem eliminar ou destruir totalmente o bacilo, mantendo-o bloqueado. A doença se desenvolve quando a pessoa não consegue mais manter este bloqueio e o bacilo começa a se dividir, provocando uma resposta inflamatória intensa”.

Entretanto, algumas medidas podem se mostrar eficientes para ajudar a prevenir o problema como:

- Alimentação saudável;

- Prática de esportes;

- Suspensão do uso de cigarros e outras drogas;

- Consumo moderado de álcool;

- Evitar aglomerações em ambientes fechados, principalmente mal ventilados e de pouca iluminação solar;

-  Imunizar as crianças obrigatoriamente no primeiro ano de vida com a vacina BCG.

De acordo com a pneumologista do Hapvida Saúde, as crianças não representam um grupo de risco, mas a imunização através da vacina BCG, pode evitar que elas desenvolvam formas mais perigosas da doenças. “A vacina é especificamente para prevenir as formas graves de tuberculose, como a tuberculose meníngea e a miliar, que aparecem com maior frequência até os quarto anos de idade”, ressalta Juliana.