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A água é aliada na vida do amazônida e na agricultura do Amazonas

Por Portal Do Holanda

10/01/2020 16h51 — em
Amazonas


A sobrevivência tem como aliada a água, inclusive no transporte - Foto: Eustáquio Libório/Portal do Holanda

Manaus/AM - Numa vila repleta de agricultores, situada no distrito Terra Nova, município do Careiro da Várzea (AM), vivem amazonenses dispostos a enfrentar dificuldades para plantar e colher. São moradores de uma região muito fértil, mas pouco estável, devido à erosão natural dos rios. Apesar da adversidade de conviver com o risco de desmoronamento das terras e em meio aos alagamentos anuais vindos com as cheias, há moradores da Várzea que não trocam a vida agrícola em família por nada.

“Aqui é várzea e alaga. Quando está no melhor da planta e a gente está começando a ganhar um dinheirinho melhor, a água vem e toma. Mas toda nossa família vive aqui e não temos vontade de sair não”, afirma Francisca da Silva, de 62 anos.

Careiro da Várzea é cercado de água por todos os lados. Para chegar ao distrito de Terra Nova, onde mora a família de Francisca, o acesso é difícil, por pontes rudimentares de madeira. Manaus fica a cerca de 22 km por via fluvial, numa viagem de 20 a 30 minutos através da “voadeira” – uma pequena embarcação com motor. No caminho, um dos pontos turísticos mais famosos do Amazonas: o encontro das águas, onde o rio Negro encontra o Solimões.

Desafios das águas

Mas os rios não são apenas deleite para os olhos. Eles determinam o ciclo de produção e as condições de moradia da população. As casas precisam ser construídas a uma altura que não alague com a cheia dos rios; às margens, a vida é imprevisível, devido ao fenômeno da terra-caída, quando as laterais do rio desabam e causam desmoronamentos.

Num município habitado por pessoas que vivem da agricultura ou da pesca, as hortas suspensas são uma estratégia para não perder os cultivos quando o rio sobe. Muitas famílias constroem estruturas de madeira suspensas para plantar, mas, como nem todas têm recursos financeiros para montá-las, aproveitam as próprias árvores. “Temos que fazer canteiro assim, trepado nas árvores, para a gente salvar chicória, cebola, plantar um cheiro”, conta Francisca. “A gente vive e sobrevive disso, então, temos que cultivar para que, quando chegar a alagação, a gente tenha para vender, de alguma forma”.

Edson Rezende, 47 anos, é maranhense, mas mora no Amazonas desde os 19 anos. Aos 30, tornou-se pescador, levando uma vida simples com sua esposa. Vende seus peixes na feira – “com comprador certo” – e aproveita os meses de outubro e novembro, quando a safra é maior. Ele é um dos muitos moradores de Terra Nova que precisaram desmontar suas casas de madeira e reconstruí-las em outro local, mais distante do rio, onde não corram risco de serem levadas pelo fenômeno da terra-caída.

Seus filhos moram e estudam em Manaus. “Eles querem que eu vá embora para lá [Manaus]. Quando veem essa ‘terra-caída’ aí, me perguntam por que não vou embora para lá, e eu respondo: pra fazer o quê? Agora, estou fazendo essa casa aqui por minha causa, porque, pela minha esposa, iríamos embora. Mas eu gosto daqui, tem sossego, calma”.

Fonte: Agência Brasil/EBC


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: agricultura, Amazonas, careiro da varzea, Censo Agropecuário, IBGE, Amazonas

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